Muitas pessoas buscam uma vida “perfeita”: o emprego dos sonhos, um casamento por amor, um casal de filhos, sim, um menino e uma menina, ou mais de três porque para alguns homens é importante fazer filhos para mostrar sua virilidade. As mulheres que aguentem.
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A vida perfeita não existe, aliás, a palavra perfeito/perfeita também não existe, é ilusão. Uma armadilha, uma cilada, um caminho sem volta. Vejamos alguns exemplos: uma amiga perde um enorme tempo nos passeios tirando mais de cem fotos para escolher apenas uma e, ainda, somente compartilha a imagem com filtro, porque tem de ficar “perfeita”.
Outro amigo vive dizendo que almeja que seu filho, além de parecer fisicamente com ele, deve ter o mesmo “gênio”, o mesmo jeito, a mesma postura sua. Outra amiga passou 10 anos escolhendo o homem perfeito para casar. Continua sozinha, reclamando da vida injusta e que falta homem decente no mercado.
O corpo perfeito
A minha geração, que está entre os 40 e os 50 anos atualmente, começava a se preocupar com cuidados corporais a partir dos 30 ou 40 anos, sem neuras. Hoje, jovens de 20 anos já colocam botox no rosto, com medo de parecer velhos/as. Os dentes precisam ficar superbrancos. Rugas nem pensar. Corpos robotizados, de plástico, ciborgues, avatares.
Preocupações excessivas com o culto ao corpo e em não demonstrar o passar do tempo podem gerar ansiedade, depressão, conflitos familiares e sociais, solidão. O nariz das mulheres não pode ser grande e tem de ser arrebitado. Homens almejam peitorais e costas imensos e continuam com pernas finas, um horror.
Produção perfeita
A lógica do capitalismo, da competitividade e da quantidade assombra todos nós. Para os/as professores/as não basta preparar e dar boas aulas, é preciso dar aulas para várias turmas, participar de mais de um projeto e, ainda, ganhar prêmios, aparecer na mídia e ser reconhecido internacionalmente. Heloooo.
Saúde pra quê? A neurose é tamanha que mesmo em momentos de relax ou calmaria você precisa parecer ocupado, estar sempre correndo e planejando ações futuras. Oremos. Batuquemos.
De corpo, alma e coração
Como é bom conversar e conviver com pessoas “de verdade”, que são espontâneas, que não fazem joguinhos de poder, que sabem controlar a vaidade, que se preocupam com a saúde de uma maneira equilibrada. Um luxo, uma raridade. Essas pessoas saem com roupas simples em lugares chiques, não ficam mexendo no celular a todo o momento, sabem escutar os amigos, equilibram os assuntos.
Pessoas desarmadas, em paz consigo mesmas, pessoas simples, que não escondem suas emoções, são pessoas fortes. São presentes. Conheço algumas delas, sou um privilegiado. Como as identifico? Simples: quando elas apresentam o mesmo comportamento quando estão somente comigo e em grupos sociais. Por menos pessoas perfeitas.
Por mais pessoas de verdade. Saúde!